Go ahead, punk. Make my day.

Crítica: E aí… Comeu?

E aí... Comeu?O roteiro de Lusa Silvestre e Marcelo Rubens Paiva, baseado na peça do último, para E aí… Comeu? (Idem, Brasil, 2012) tem uma liberdade de expressão que se contradiz com a direção de Felipe Joffily. Enquanto os diálogos são cheios de palavrão e zero de pudor para falar sobre sexo, o máximo de nudez no filme é um segmento em que Emilio Orciollo Netto aparece sem camisa com uma mulher estrategicamente posicionada e da qual se vê apenas as costas descobertas.  Mas se engana quem acha que o problema do filme é a direção. A trama, ao final, só reforça os velhos clichês das comédias românticas norte-americanas.

O caso é que E aí… Comeu? começa num monólogo machista (mas engraçado) de Marcos Palmeira, como se estivesse falando com a plateia, contando que o mundo mudou e que os homens se transformaram em caça, porém uma presa que se prepara para virar o jogo e predar o caçador na “fincada da manhã” e ver as solteironas se estapearem em busca de seu corpo. Feito isso, a narrativa vai ser saturada de diálogos nada sutis sobre as preferências sexuais de mulheres asiáticas, loiras ou ruivas, mas ao lidar com os próprios problemas, o trio de protagonistas formado por Palmeira, Orciollo Netto e Bruno Mazzeo, chega à conclusão de que todas as suas certezas são menores que uma coisinha chamada amor – do mais meloso possível.

O caso de Netto é o mais notório. Escritor de histórias sobre amor que não consegue publicar nada por causa da falta de verdade em seus textos, pois sua vida de solteirão que gosta de mulheres casadas e surubas em prostíbulos não tem nada de romântica. Contudo, você pode ter certeza de que ele vai encontrar quem o fará perceber as belezas do amor monogâmico e ter direito àquela cena em que rasga o peito após chegar, literalmente, à sarjeta.

E olha que o longa tinha potencial para se tornar um irmão brasileiro temático de Se Beber, Não Case!. Mas enquanto o americano se esbalda, por exemplo, nas fotos desavergonhadas da noite de bebedeira, aqui a cena de sexo entre Netto e uma mulher casada é tão artificial, que não há uma peça de roupa fora do corpo. Enquanto isso, Mazzeo, amargurado com o fim do casamento, evita ir para cama com uma ninfeta de 17 anos que lhe dá bola, algo que Lolita, em 1962, resolveu sem muitos problemas. Mais: o casamento de Palmeira e Dira Paes poderia render uma discussão a respeito dos desejos femininos que são apenas levantados num monólogo hilário de Mazzeo sobre casadas viciadas em pênis alheios.

Entre problemas de ritmo, com piadas diluídas na trama, e de recursos mal explorados, como as intervenções de Palmeira, talvez o maior defeito de E aí… Comeu? é teorizar, fazer piada e não provar do que fala.

Nota: 6

E aí... Comeu? foto

3 responses

  1. Eddy

    Assisti o filme ontem no cinema de minha cidade e, pra falar a verdade, o filme é podre. Muito machista e denigre a imagem da mulher quando a torna assunto constante e vulgar das conversas dos três amigos. Esperava mais, aliás, o fato do personagem do Bruno se relacionar no filme com uma menor de idade é péssimo. Tentamos constantemente nas escolas criar uma condição favorável de relacionamento entre os jovens numa consciência de tempo (amadurecimento) e idade, e o filme coloca a “transa”, a primeira vez entre uma criança e um homem de mais de trinta anos, como algo normal. Que infelicidade do cinema brasileiro em exibir este filme “trash”.

    15 de Julho de 2012 às 11:35 PM

  2. reginaldo

    otima colocação o brasil tem uma das piores midias do mundo onde só se propaga coisas ruins

    27 de Julho de 2012 às 2:35 PM

    • Bom, eu discordo. O Cinema nacional é bacana e filmes ruins são comuns em qq filmografia mundial.

      27 de Julho de 2012 às 3:17 PM

Deixe um comentário