Go ahead, punk. Make my day.

Archive for Outubro, 2012

Trilha – Halloween

Nem todos sabem, mas o diretor John Carpenter também é compositor e foi responsável pelos temas de clássicos próprios como Fuga de Nova York e Eles Vivem. Só que nenhuma de suas composições é tão famosa quanto a de seu maior legado, o terror Halloween.

Para não deixar o 31 de outubro passar em branco, o Trilha vai com um dos temas mais famosos do Cinema: o piano e teclado macabros que embalam Michael Myers desde 1978.


Resumo (8 a 21 out)

lethal_weaponMáquina Mortífera (Lethal Weapon, 1987). De Richard Donner

Trabalhando com a nada original (mas eficiente) fórmula “good cop bad cop”, Richard Donner criou um pequeno clássico oitentista que vence pela boa dinâmica entre a dupla central, Mel Gibson e Danny Glover. A discrepância entre os personagens rende bons momentos de humor e tensão. Os melhores envolvem o desejo suicida de Gibson, que perdeu a amada e agora se lança em ações sem qualquer cuidado com as vidas dele e (algumas vezes) alheia, só que o parceiro tem família e é um veterano na corporação que quer sossego. A trama é simplista e envolve um esquema de drogas, mas tem algumas pequenas reviravoltas para segurar a atenção da plateia, ainda que no último terço seja um tanto apressada. Há sempre algo para cobrir as pequenas falhas do longa. Quando não é a dinâmica entre os protagonistas, é a direção de Donner, como no desencaixado momento em que todos os policiais deixam Gibson sair na mão com o vilão, apenas como forma de vingar o orgulho da corporação. Por causa da boa mão do diretor, o momento se torna eletrizante e bonito plasticamente, com silhuetas e chuva. Nota: 8

lethal_weapon2Máquina Mortífera 2 (Lethal Weapon 2, 1989). De Richard Donner

A continuação perde pontos por não haver a mesma motivação em relação ao personagem de Mel Gibson, afinal, ao que parece, pelo menos, a morte da ex-esposa está melhor resolvida e as loucuras parecem ter se entranhado no personagem, o que deve ser aceito pela plateia. Só que outra vez o bom trabalho da dupla central, o essencial para a liga do filme, salva qualquer problema de concepção dos personagens. O que estranha mesmo é o uso do Apartheid como elemento da trama e que não faz qualquer diferença para tal, uma vez que o dinheiro do tráfico é o verdadeiro combustível dos vilões. No mais, Máquina Mortífera 2 segue os passos de seu original no quesito simpatia e aprofunda a amizade entre os policiais, como na hilária e intimista cena da bomba na privada. Sim, intimista, já que certamente esse é um dos momentos cujos diálogos e atuações mostram maior simtonia entre personagens e intérpretes em toda a quadrilogia. Fora que o local não poderia ser melhor escolhido como forma de expôr aqueles homens. Ah! E o longa ainda tem o divertido Joe Pesci. Nota: 8

shame-poster-01Shame* (Idem, 2011). De Steve McQueen

Esse é um filme sobre alguém que não consegue se relacionar de maneira profunda com outras pessoas. Esse é o personagem de Michael Fassbender, um homem viciado em sexo que mantém distância emocional (e física) da irmã e que no único momento em que tenta um relacionamento com alguém que lhe fala sobre a seriedade de estar com uma pessoa acaba nem conseguindo uma ereção. Um momento estranhamente constrangedor, potencializado por uma tórrida cena de sexo com outra mulher que parece ser uma prostituta que acontece logo em seguida. Fassbender tem uma vida bem metódica e fria, que gira em torno da satisfação do impulso sexual. Quando sua irmã aparece, essa rotina é abalada e os problemas familiares são escancarados. É claro que existe um problema no passado dos dois irmãos, no entanto o roteiro do diretor Steve McQueen (que não é o ator de Bullit) e de Abi Morgan é sutil quanto a isso, não revelando muita coisa. Tudo é filmado com esmero fotográfico, na montagem e na direção. No primeiro caso, Sean Bobbitt trabalha com tons azulados e esverdeados que tiram parte da cor do mundo do protagonista. Já a montagem de Joe Walker é cadenciada e logo na abertura do filme cria uma bela (e fria) elipse que expõe os relacionamentos de alcova rápidos que Fassbender tem. Enquanto isso, McQueen cria planos ao mesmo tempo elegantes e expositivos, sem medo de mostrar nudez. E é incrível que você possa se emocionar numa cena em que o protagonista se joga numa espiral de sexo e degradação no último terço da trama. Nota: 8,5

Chernobyl DiariesChernobyl* (Chernobyl Diaries, 2012). De Bradley Parker

Esse é o verdadeiro muito barulho para (quase) nada. Não que o filme seja ruim, mas seu desenvolvimento, com boa direção e tensão bem construída, beira o desperdício ante a um final quase prosaico e filmado displicentemente. Não mostrar a face do inimigo e apostar no desenvolvimento dos personagens é algo incomum nesse tipo de produção, que costuma preferir o gore para conquistar o público. OK, o filme tem sua parcela de violência, entretanto separa alguns minutos em sua abertura para tentar aproximar o público daqueles que vão enfrentar a situação extrema numa cidade esvaziada por conta do vazamento de radiação da usina de Chernobyl e que hoje serve como ponto turístico meio macabro. O que eles não contavam é que há sobreviventes no local, só que no melhor estilo Quadrilha de Sádicos. Usando câmeras no ombro, o diretor Bradley Parker consegue um clima de urgência e documental, se aproveitando do truque para evitar ao máximo os vilões em questão. Mas quando chegamos à reviravolta à la Extermínio, envolvendo militares, as coisas andam de forma tão rápida e tão óbvia, que nem parece o mesmo filme que vinha sendo construído. Nota: 6,5

The Devil Inside posterFilha do Mal* (The Devil Inside, 2012). De William Brent Bell

Filmado como se fosse um documentário, Filha do Mal consegue um imersão interessante mesmo quando o recurso já dá sinais de esgotamento. O início é ótimo, com falsas imagens de arquivo da polícia e de reportagens, criando bem o clima de todo o longa. Mas lá pelas tantas, a trama é seguida por meio de filmagens feitas pela filha da mulher que desencadeou toda a história. Ela quer saber mais sobre o caso da mãe, acusada de ter matado três pessoas em um possível exorcismo. E aí começam os problemas. Primeiro de direção, que nunca sai do trivial com cenas que tentam assustar por meio de gritos e imagens que você já viu em longas como O Exorcismo de Emily Rose e O Exorcista – nada mais anticlimático. Repare ainda como William Brent Bell comete um grave erro na cena em que a protagonista encontra sua mãe pela primeira vez: ao mostrar que a sala onde elas estão há apenas as duas numa câmera de circuito interno, mas, a todo tempo, há cortes para as imagens captadas pelo cinegrafista do documentário no mesmo local – ele chega a comentar que conseguiu um bom material num momento mais tenso. O roteiro também não sabe para onde atirar e não resolve seu conflito inicial, deixando para fechar o filme de forma abrupta, como se aquele material tivesse sido “encontrado” e editado para que conheçamos a história. Nota: 5,5

*Filme assistido pela primeira vez


Crítica: A Entidade

sinister-movie-posterSe imagens estranhas e das quais podemos ver pouco são garantia de medo e arrepio, A Entidade (Sinister, EUA, 2012) perdeu uma chance de ouro ao começar bem os trabalhos, mas descambar para os sustos fáceis e um amontoado de clichês.

A cena de abertura do longa é um trinfo da maldade. Numa gravação em super 8, vemos quatro pessoas de uma mesma família sendo enforcadas aos poucos. O som do momento é cheio de ruídos, o que leva a um efeito ainda mais macabro. Em seguida, o longa entra de vez na trama, que envolve o personagem de Ethan Hawke, um escritor de livros-reportagem que busca a fama de anos atrás no caso dos enforcados e o desaparecimento da criança mais jovem daquela família. Obviamente o mistério vai além do imaginado e você entenderá o título nacional da fita.

A ideia do diretor longa, Scott Derrickson, e do diretor de fotografia, Chris Norr, é trabalhar a sensação de estranheza na plateia e ao invés de filmar algo de longe, por exemplo, diminuem a qualidade da imagem nos momentos de maior horror, como nos rolos em 8 mm, ou trabalham a escuridão para criarem tensão – repare como a maior parte do tempo, A Entidade se passa dentro da casa do protagonista e à noite.

Ao estabelecer esse clima, o filme ganha os espectadores, principalmente quando Hawke acha mais filmagens de crimes bárbaros e estes seguem a boa fórmula do clássico A Tortura do Medo, de Michael Powell – colocando o espectador como testemunha da desgraça alheia. Ainda nesse início há uma passagem que envolve uma caixa e o filho do escritor,  indicando que o processo de investigação pode estar afetando o jovem, que sofre de terror noturno. A cena vale a pena por apostar no realismo e não ser cortada no momento em que o susto acontece, dando prosseguimento até que seja entendido o que se passa ali. Pena que os conceitos estabelecidos em seguida sejam minados.

Sinister pic

Primeiro vem a explicação do pai para aquilo: stress da mudança. Quer dizer que se fosse stress por conta de um ataque de cachorro o moleque se colocaria na casinha do cão? Uma explicação ridícula para os ataques do filho, mas que poderia ser esquecida caso os surtos fossem bem usados na trama. Só que depois de estabelecidos, os terrores noturnos do garoto têm a função de pista falsa para o real mistério.

Junto a esse problema, Derrickson soma um grande volume de clichês do gênero, desde sombras que cruzam a tela até a surreal névoa que surge em certo momento no quintal da casa. Isso e mais as inúmeras aparições no escuro do imóvel que poderiam dar conta do trabalho medonho sozinhas, mas que inevitavelmente são acompanhadas por acordes altíssimos da trilha para tirar o sossego da plateia e assusta-los como se alguém gritasse do seu lado. Desperdiçando a boa fotografia soturna sem qualquer sutileza.

E se a reviravolta final poderia garantir um programa razoável, no melhor estilo da maldição de O Chamado, as atuações daqueles que deveriam protagonizar o momento ao lado de Hawke são péssimas e criam risadas involuntárias – o que nunca é bom para um filme de terror. Ainda mais quando a montagem de Frédéric Thoraval poderia salvar o momento cortando a gordura da sequência, mas que alonga e alonga a cena.

Nota: 6

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Uma Frase, Um Personagem – John McClane

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“Yippee-ki-yay, motherfucker”

(John McClane, Bruce Willis – Duro de Matar, 1988)


Trilha – Emmanuelle

Pelo menos três gerações foram sexualmente educadas por ela na fase pré-internet. Mas hoje, Sylvia Kristel, a eterna Emmanuelle, nos deixou. Aos 60 anos, a atriz holandesa que fez seu nome nos filmes franceses sucumbiu a um câncer de garganta.

As cenas memoráveis, tenho certeza que os senhores têm guardadas na memória e não vou relembrá-las aqui, afinal este é um blog de família (primeiro a mãe, depois a filha) e Sylvia já recebeu muitas homenagens em vida.

Só que é irresistível, preciso deixar claro meu luto nesse 18 de outubro, mesmo que de maneira comportada. Por isso separei a abertura do longa original, de 1974, ao som do tema que leva o nome da paixão carnal que muitos marmanjos tiveram quando jovens.

De Pierre Bachelet e Merve Roy, “Emmanuelle” para o Trilha.

Oremos.


Imagem

The Power of Nike Compels You!

Exercise


Crítica: Plano de Fuga

gringoposterMel Gibson não podia pedir mais a Plano de Fuga (Get The Gringo, EUA, 2012). É um filme divertido, rápido, sem grandes pretensões e que poderia ter feito uma boa bilheteria (nada astronômico) caso tivesse entrado em cartaz nos cinemas norte-americanos. Mas o plano foi lançá-lo diretamente para a TV fechada. Algum espertinho, porém, resolveu colocá-lo nas salas brasileiras. Deve ter faturado algum com o nome de Gibson.

O filme começa muito bem, com uma perseguição amalucada pela fronteira estadunidense e mexicana, com Gibson vestido de palhaço, sendo caçado pela polícia por conta de uma grana e soltando uma frase mais engraçadinha que a outra em off. As câmeras aéreas do diretor Adrian Grunberg acompanham bem a movimentação, que, claro, não acaba da melhor maneira possível e leva Mel para uma prisão federal no México.

A partir daí, a trama começa pra valer, com o protagonista tentando sair da cadeia, reaver o dinheiro e tentando despistar policiais corruptos e bandidos na cola dele. O estilo malandro do personagem e a trama sem mocinhos na verdadeira acepção da palavra lembram O Troco, fita (mais divertida) de 1999. Aliás, se não fosse a trama secundária envolvendo o garoto vivido pelo atrevido Kevin Hernandez, Plano de Fuga seria uma adaptação daquele longa a um ambiente prisional.

Um ambiente, diga-se de passagem, bizarro, que é um verdadeiro vilarejo onde as regras são ditadas por um diretor, mas no qual um poder paralelo sobrevive sem grandes problemas. É ali que o protagonista consegue aplicar pequenos golpes para “ascender socialmente” e, mais tarde, procurar resolver os conflitos que o roteiro do diretor, Grunberg, do próprio Gibson e de Stacy Perskie apresenta. Incluindo um draminha que não funciona lá muito bem envolvendo o jovem Hernandez e sua mãe.

De qualquer forma, como já dito, Mel está em ambiente confortável, com um personagem que exige de seu já testado carisma, numa trama movimentada e que prende a atenção e, claro, envolve boas doses de violência, vide o tiroteio em câmera lenta durante a invasão ao presídio, que inclui até um homem mandado pelos ares durante uma explosão.

Nota: 7

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Hitchcock Trailer – Hopkins + Scarlett + Mirren

Depois do ótimo cartaz, o filme Hitchcock ganha os primeiros lampejos de vida… Não é por nada não, mas esse trailer me empolgou muito. Atuações afiadas e tema absurdamente interessante: a história por trás do filme Psicose. Mas o motivo maior de você pôr olhos nessa prévia é Scarlett Johansson vivendo Janet Leigh, linda loira e no chuveiro. Ah! Também tem a ótima Helen Mirren.


Resumo (1º a 7 out)

carnage-posterDeus da Carnificina* (Carnage, 2011). De Roman Polanski

Um filme exige respeito quando tem fôlego para segurar o interesse da plateia com a trama se passando praticamente dentro da sala de um apartamento. Esse resepeito, no caso de Deus da Carnificina, não é demandado só na direção de Polanski, mas também no texto que o diretor escreveu ao lado de Yasmina Reza, baseado na peça do último. Lixando vários tipos de vernizes, desde a correção política até a cordialidade burguesa, o filme começa numa simples briga entre dois garotos de 11 anos e prossegue na tentativa dos pais de resolver a agressão de maneira mais afável e racional. Óbvio que isso não vai acontecer da maneira esperada e uma visita rápida se transforma numa briga quase épica entre os casais vividos por Kate Winslet e Christoph Waltz e Jodie Foster e John C. Reilly. As discussões, que passam pelo cinismo, por contradições e idealismo, vão quebrando os preceitos de cada um dos personagens. O que dá espaço para momentos hilários como aquele em que Waltz diz ser livre pouco antes de atender o incansável celular, que exige sua atenção a todo o momento. Ou mesmo o absurdo momento em que Winslet vomita no meio da sala, o que escancara a reprimida problemática entre os personagens. A boa condução de Polanski também faz a diferença, explorando ao máximo a sala na qual os atores ficam durante quase o tempo todo, seja posicionando um ator em segundo plano para mostrar as reações do ator em destaque, indicando o quanto o local é pequeno para tanta animosidade e demonstrando a inteligência do cineasta na movimentação por um local com tais dimensões. Mais: repare como no início a reunião dos casais vai durar apenas alguns minutos, mas algo sempre traz os visitantes para dentro do apartamento novamente, o que eleva a tensão logo de saída. Niilista, o filme vai terminar da maneira mais absurda possível, bem ao gosto da forma como a reunião “cordial” começou. Nota: 8,5

Limite 1931Limite* (Idem, 1931). De Mário Peixoto

Dizer que este é um filme hermético e pretensioso, a meu ver, não é exagerado, depreciativo ou razão para afastar espectadores. Exige mais da plateia, claro, contudo assistir a um filme mudo e  experimental datado de 1931 pode ser uma ótima oportunidade de abrir um novo caminho dentro do mundo do Cinema, que hoje vive uma contradição: exige-se cada vez menos em termos de texto em meio à avalanche de imagens digitais da produção estadunidense (a indústria com os maiores braços da produção cinematográfica), mas cuja plateia não consegue assistir a um longa baseado em imagens que consegue falar por si (como o bom Cinema deve ser). Por isso é tão difícil para o que se pode chamar de “espectador médio” ver um filme como Limite – ao mesmo tempo em que é tão importante para que seu mundo cinematográfico se abra. Claro, há aqueles que amam a arte, mas há aqueles que veem nela apenas entretenimento. Como participante do primeiro grupo eu digo: Limite, ainda que difícil, trata-se de uma obra obrigatória. Não por conta das atribuições de um dos maiores filmes brasileiros de todos os tempos, mas por saber trabalhar a imagem com inteligência e beleza. Como bem lembrou o crítico Guido Bilharinho, em seu livro “Seis Cinestas Brasileiros”, o filme é composto de imagens belas por si só, mas que crescem juntas. Seja no momento em que objetos de costura são filmados lentamente em planos-detalhe, seja em seu significado (a mulher que olhava para a janela sendo “chamada” de volta ao trabalho e à realidade). Ou ainda pela inteligência de certos quadros, a exemplo daquele em que a mulher vê seu marido no alto da escada dormindo. Ela mantém a mão esquerda sobre o corrimão mostrando a aliança, enquanto o homem tem sua mão direita a mostra. A mensagem da cena vai ser finalizada no corte até a mão esquerda dele, mostrada em close, ainda de aliança, com unhas grandes e voltada pra baixo. Toda a cena, sem qualquer cartela (fala), deixa claro o problema entre o casal e nos informa que ali havia um enlace. É triste, informativa e bela plasticamente. Fragmentado e altamente simbolista, o longa, está longe de ser perfeito, sobram imagens sem função aparente e o ritmo, por vezes, é lento além da conta por causa de tais imagens. Entretanto, o filme em si cumpre um papel importante de busca artística – e o melhor é que a busca é frutífera. Nota: 8,5

*Filme assistido pela primeira vez


Star Wars Call Me Maybe

Alguém resolveu fazer um recorte de falas das duas trilogias Star Wars e fazer um cover da música “Call Me Maybe”, de Carly Rae Jepsen. Uma curiosidade e os jedi pira…

Vi aqui


Crítica: Dredd

dredd-posterEm 1995, Sylvester Stallone estrelou a adaptação da HQ Judge Dredd e desagradou a muita gente. O motivo era a velha e conhecida acusação de falta de fidelidade ao material original, criado por John Wagner e Carlos Ezquerra. Longe da obrigação de ser um blockbuster, eis que uma nova incursão do juiz pode fazer as pazes com os fãs. Dredd (Idem, Reino Unido/EUA/Índia, 2012) é violento, estiloso e divertido.

O roteiro de Alex Garland (de Extermínio e Sunshine – Alerta Solar) não quer reinventar a roda e numa rápida narração em off relembra a atividade dos juízes: policiais, promotores e magistrados ao mesmo tempo para tempos violentos. Logo após uma primeira missão é dada ao juiz Dredd a tarefa que vai lhe render o novo longa-metragem. Será de sua responsabilidade avaliar uma juíza novata com poderes psíquicos em uma chamada de triplo homicídio num gigantesco prédio de Mega City Um.

Aliás, a direção de Pete Travis é outro aspecto que mostra a que veio já nas primeiras cenas, mostrando uma cidade absurdamente grande, suja, cheia de concreto e realista em ângulos aéreos de grande amplitude. E mais: com menos de 10 minutos já há corpos no chão ensanguentados.

Estabelecidas essas bases, o diretor de fotografia Anthony Dod Mantle brinca à vontade com as paisagens urbanas e com os efeitos da droga usada no filme, o Slo-Mo, em seu 3D quase perfeito. Veja como em toda a cena do assassinato triplo capricha na “terceira dimensão”, mantendo o foco profundo e abusando do slow motion para realçar a profundidade dos quadros. Ponto ainda para a direção de Travis, que escolhe um bem-vindo plano subjetivo no momento em que uma pessoa é drogada e jogada do alto do prédio.

dredd-fotos

Pena que para criar estilo e guiar o olho da plateia para determinado personagem em primeiro ou segundo plano, Mantle e Travis prefiram algumas cenas com pequena profundidade de campo, sabotando o 3D.

Claro que Dredd não quer ser um ensaio que discute sociologicamente a pressão que o crescimento urbano pode fazer sobre a Justiça. O objetivo é ser um espetáculo visual aproveitando a premissa criada com personagens como esses juízes (e a ação é onipresente). Contudo há espaço aqui e ali para uma pincelada no quanto tanto poder pode ser perigoso, ainda mais tendo que ser aplicado da maneira imediata. Vide a execução de um homem pela juíza em teste, que vai ter reflexos minutos depois, e, claro, na aparição da corrupção do poder público em algum momento.

Nada que seja sério demais e atrapalhe a atuação “de macho” de Karl Urban, na pele e no capacete de Dredd. Um bom trabalho, diga-se de passagem, já que seus olhos nunca estão expostos. Melhor até que Sly, em 1995, que tirava o capacete para mostrar seu famoso rosto.

Nota: 8

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Caçadores da Arca Perdida em GIF (sim, num único GIF)

Que coisa, não?

anigif_enhanced-buzz

Vi aqui


Resumo (24 a 30 set)

blood_the_last_vampireBlood – The Last Vampire (Idem, 2000). De Hiroyuki Kitakubo

O que mais chama a atenção nesse média-metragem, de pouco menos de 50 minutos, é a iluminação dos quadros. Com animação caprichada, a direção de arte também leva o filme além. Juntos, os elementos criam ambientes complexos e lúgubres, o que é fundamental para que as criaturas apresentadas em Blood estejam sempre escondidas pelas sombras e por elementos de cena. Fora que ambientes como enfermaria, local de um dos melhores momentos da produção, criam um contraste interessante entre a brancura natural do lugar com o grande volume de sangue jorrado após os golpes da espada da protagonista Saya. Usando intensamente efeitos em CGI nos movimentos de câmera, a fita ainda ganha pontos pelo som grave das vozes e dos efeitos sonoros, além da trilha sonora rápida e adequada às cenas de ação. Por outro lado, o filme quase é sabotado pelo roteiro apressado e pouco explicativo. De uma forma geral, a trama gira em torno de uma caçada a seres estranhos que ameaçam uma base militar norte-americana no Japão. Entretanto, falta certa ambientação dessa história, a sensação que se tem é que pegamos algo no meio do caminho e chegamos ao seu momento decisivo. Se por um lado, isso coloca a plateia confortável para assistir às espetaculares cenas de ação, de outro parece que perdemos a chance de nos aprofundarmos na história de Saya, um ser único, fechado e que tem segredos que poderiam ser mais bem explorados. Poderia ser um drama de ação de primeira, mas do jeito que foi apresentado, é ação e visual de excelente qualidade. Nota: 8