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Crítica: Espelho, Espelho Meu

mirrormirror_poster_02Em termos de intenção, não é possível recriminar a versão do conto de fadas da Branca de Neve que Espelho, Espelho Meu (Mirror Mirror, EUA, 2012) tentou ser. Não se trata de uma refilmagem do clássico Disney, ele procura personalidade inserindo várias modernidades no conto dos irmãos Grimm, seja na própria protagonista, menos moça assustada e mais astuta, seja na Rainha, menos megera e mais sarcástica. É pena que a maior parte das inovações tenha ficado no campo da vontade ou simplesmente não funcione.

A começar pelos anões, que mudam de nomes, em determinado momento saqueiam o próprio Príncipe e são bons de briga, além de darem um jeito de se tornarem maiores com extensões nas pernas. Contudo, o mais importante foi deixado de lado: eles não têm personalidade própria, são anões de contos de fadas simplesmente. Não são nem os arquétipos criados por Walt Disney, os quais sobravam encanto, cada um à sua maneira, onde não havia grande profundidade.

Enquanto isso, a esperada Rainha vivida por Julia Roberts, ainda que tente ser irônica e mordaz, acaba sabotada pelo quão rasos são seus comentários, a exemplo da narração na linda animação que abre o longa-metragem: ela tenta levar um ar de deboche, mas falta acidez. Algo que contrasta em exagero com a graciosidade e o sorriso radiante de Lily Collins na pele alva da personagem principal. E vá lá que a Branca de Neve nem é tão radicalmente modificada, tendo uma ou outra cena de ação, mas que é aquela mesma apaixonada sofredora de sempre.

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Isso sem contar em algumas inexplicáveis escolhas da produção, como os figurinos altamente afetados que, no fim das contas, parecem querer ser apenas bizarros. Se no início há um vestido da Rainha que se confunde com o trono, a extravagância dele não passa nem perto do mau gosto da escolha das fantasias usadas num baile. O figurinista Eiko Ishioka parece ter gostado tanto do cisne que Björk vestiu na cerimônia do Oscar de 2001, que criou sua própria versão e vestiu em Lily. Estranhíssimo. Fora que que as cores claras predominantes na cena praticamente apagam a protagonista nos enquadramentos abertos do salão. Algo que só perde para o inacreditável tratamento de beleza da Rainha, que inclui titica de pássaros no rosto e vermes nas orelhas.

Para fechar, os roteiristas Jason Keller e Melisa Wallack tiveram a belíssima ideia de fazer o longa menos machista (bom) e para isso transformaram o Príncipe vivido por Armie Hammer num galalau adorado pelas mulheres, mas que passa por poucas e boas antes do “felizes para sempre”. Só que fazê-lo se tornar, literalmente, um cachorrinho é estúpido e desnecessário.

Pelo menos a música-tema, já nos créditos finais, é divertida e uma boa sacada do diretor indiano Tarsem Singh (de Imortais) para incluir uma pitada de sua terra natal na produção.

Nota: 5,5

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