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Crítica: X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido

X-Men Days of Future Past posterNo final de tudo, X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido (X-Men – Days of Future Past, EUA/Reino Unido, 2014) não chega a ter a mesma profundidade de outros filmes da franquia ou é curioso quanto seu antecessor, mas dizer que se trata de um filme menor da saga dos mutantes é impossível. Fora que ele dá outro fôlego para continuações sendo uma produção superdivertida e seguir em frente com uma pegada emocionante.

A volta de Bryan Singer à direção de um X-Men mostra que não perdeu a mão como havia feito com Superman – O Retorno. Ele equilibra bem a direção de atores e de ação na trama em que o passado e o futuro dos mutantes se entrelaça com a ameaça dos Sentinelas. Esquecendo por completo a “gordura” de X-Men – Primeira Classe – os adolescentes Homo superior que não tinham poderes lá muito interessantes -, o roteiro de Simon Kinberg usa o que havia de melhor no longa anterior, Xavier, Erik e Raven, elabora uma história que se liga diretamente ao futuro do grupo e ainda cria tensão em ambas as linhas temporais para que o ritmo nunca pare em Dias de Um Futuro Esquecido.

É pena que não haja tanto tempo para que Patrick Stewart e Ian McKellen estejam contracenando como nos melhores momentos das primeiras produções. De qualquer forma, a imprevisibilidade de Michael Fassbender como o Magneto jovem e o carisma/carga dramática de James McAvoy como Xavier mais novo dão conta do recado muito bem. E olhe quem desta vez eles têm a “sombra” de Wolverine, o personagem mais popular, ao seu lado. O mesmo pode ser dito em relação à Mística de Jennifer Lawrence, que necessita de seriedade da mesma medida que é uma personagem de ação de primeira.

X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido - Sentinelas

De qualquer forma os mutantes inéditos na tela são inspirados como em poucos filmes da saga, a exemplo da ótima Blink e seus portais ou do forte Bishop. O mais bacana, porém, é o divertidíssimo Mercúrio/Peter vivido por Evan Peters. Ao somar a velocidade fora do comum do jovem e a criatividade de Bryan Singer, tem-se a melhor cena de Dias de Um Futuro Esquecido. Lançando mão de uma fuga empolgante de Magneto, como já havia acontecido em X-Men 2, o longa deixa a plateia em êxtase ao acompanhar a movimentação de Mercúrio como ele vê o mundo: infinitamente mais lento que qualquer Homo sapiens.

Nem tudo sai como o esperado, porém. Ainda que seja o melhor da produção, a fuga de Magneto força a barra ao incluir um controle remoto que interfere em coisas demais para um equipamento da década de 70. Ok, a tecnologia aqui é anacrônica e inclui os protótipos dos Sentinelas, mas lembre-se que eles são desenvolvidos sob a premissa de que há mutantes a serem caçados e isso poderia impulsionar aquelas máquinas em específico – e não um controle que mexe em circuitos de segurança e jatos de água. Da mesma forma que as viagens no tempo são quase uma convenção do roteiro a partir dos poderes de Kitty Pride (Ellen Page).

Com a utilização de um 3D que chega a prejudicar o filme – demanda os óculos escuros para uma fotografia já sombria demais -, esse novo X-Men se mantém firme por ter vilões à altura de seus heróis – além dos sentinelas, Bolívar Trask (Peter Dinklage) – e por ser inteligente o bastante para se transformar em um tipo de episódio zero e dar abertura para toda uma nova saga. E não se espante se marejar os olhos em um papo do Xavier de ontem com o de amanhã e na cena que fecha o longa e marca reencontros.

Nota: 8

X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido cena


Crítica: Wolverine – Imortal

Wolverine Imortal posterDizer que o novo longa de Logan é melhor que sua primeira incursão solo nos cinemas não é vantagem alguma, tamanho o equívoco de X-Men Origens: Wolverine, que errava da história ao elenco e no básico dos efeitos visuais. Mas é preciso dizer que essa volta do personagem a um trabalho fora da equipe mutante realmente está acima do filme anterior, só que nada aqui é perfeito.

Wolverine – Imortal (The Wolverine, Austrália/EUA, 2013) tem boa direção, volta com Hugh Jackman um pouco mais sério que no trabalho anterior com o personagem, mas seu roteiro é um tanto problemático. Nas mãos de Mark Bomback (Duro de Matar 4.0) e Scott Frank (Minority Report) a história até tenta disfarçar nos dois primeiros terços, sendo altamente misteriosa. O problema é quando as revelações começam, os diálogos expositivos se atropelam. Pior: a exigência de um mutante como antagonista do herói se torna tão dispensável, que a história só ganharia em termos de ritmo e objetividade se não tivesse que usar a tal Víbora (Svetlana Khodchenkova).

O filme começa muito bem, com o salvamento de um soldado japonês em Nagasaki, onde Logan faz um sacrifício em nome do inimigo durante o lançamento da bomba atômica. Ótima utilização do fator de cura do personagem, ao mesmo tempo bizarra e de alcance do grau da boa ação de Wolverine. Em duas palavras: tocha humana. É por causa desse ato que o herói será retirado de seu exílio nas montanhas nos dias atuais. O japonês salvo se tornou um grande empresário em seu país e, antes da morte, quer se despedir de seu salvador.

Já em terras nipônicas o roteiro tenta ser profundo, com uma divagação sobre a existência de Wolverine e sua quase imortalidade. Nesse momento o velho que quer se despedir oferece a mortalidade ao protagonista para que ele não tenha que viver com o peso das mortes de quem ele ama e não têm a mesma longevidade. Mera menção. Esse debate não passa disso e mais as aparições de Jean Grey (Framke Janssen) nos sonhos de Logan. Ela é um tipo de culpa que ele carrega desde que foi obrigado a matá-la durante os eventos de X-Men 3 – A Batalha Final.

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Dali para frente ele entra em uma trama política que ainda envolve a neta do empresário, Mariko (Tao Okamoto), e o destino dele próprio, que passa a ser ameaçado pelo enfraquecimento de seu poder de regeneração. Esse detalhe, inclusive, é outro ponto desperdiçado pelo filme. Além de não ser convincente a explicação de como o fator de cura é quase eliminado, em momento algum você se preocupa com Wolverine e sua possível morte a partir dali. Ainda que esteja fraco, é difícil estar convencido de que ele poderá perder uma luta realmente.

Mas, hey! Este é um filme de ação e seu grande objetivo funciona muito bem. As cenas mais movimentadas são inspiradas e até ajudam na própria redenção do diretor James Mangold. Depois da besteira que foi o exagerado Encontro Explosivo, o cineasta volta à boa forma e consegue criar sequências como a perseguição e pancaria no trem-bala. Calcada na inteligência e na velocidade e comedida na trilha sonora, é, talvez, a única passagem na qual o 3D convertido da produção parece funcionar com o objetivo de imersão. Nem o grande confronto com o Samurai de Prata consegue vencer a sequência.

Contando com um tipo de surpresa nos minutos finais que não engana ninguém, Wolverine – Imortal empolga enquanto produção de grande porte, mas fica devendo enquanto drama, ainda que tenha a caracterização insuperável de Jackman na pele e garras do personagem. Aqui ele chega a ensaiar uma maldade ainda explorada longe do potencial oferecido pelo herói raivoso, vide o lançamento de um vilão da janela de um apartamento – ele não sabia da piscina. De qualquer forma fico imaginando qual seria o caminho tomado pelo longa caso o extraordinário Darren Aronofsky não tivesse desistido de dirigi-lo.

Nota: 7,5

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A Ressaca dos Heróis

Herois

E se os super-heróis norte-americanos mais populares resolvessem fazer uma festa ao estilo de Se Beber, Não Case! e acordassem com a mesma ressaca de Stu e companhia? O resultado você vê logo no início do curta de humor The Superheroes Hangover – com Batman usando um vestidinho e Superman e Homem-Aranha acabados. O que levou àquilo é o que saberemos quando Professor Xavier (sim, ele) aparecer.

Produzido pelo canal Golden Mustache, do YouTube, a paródia tem a mesma pegada do filme de Todd Phillips e dá outros ares a personagens como Hera Venenosa, Sr. Fantástico e Viúva Negra.

O único que continua o mesmo é Hulk.

*Mude as legendas para a tradução em português


Resumo de Janeiro

Resumo dos filmes vistos nesse início de ano

devils_advocateAdvogado do Diabo (The Devil’s Advocate, 1997). De Taylor Hackford

Falar desse, para mim, é um prazer e uma forma de dar bala aos detratores, pois aqui está o filme da minha vida. Sendo assim, qualquer opinião pode ser tratada como “pessoal demais”. É aqui que entendo o louvor incondicional das crepusculetes. Brincadeira. De qualquer forma, a meu favor tenho uma atuação monstruosa (em vários sentidos) de Al Pacino, a qual me pergunto o motivo de não ter ganhado qualquer prêmio de expressividade. Tenho também um roteiro inteligente que não tenta esconder muita coisa, mas que ainda reserva uma surpresinha e tira da manga monólogos fenomenais reservados para Pacino. Algo que a montagem, em paralelo, dá vida sem ser  redundante – vide Eddie Barzoon. Isso e ainda diálogos espertos fascinantes pela inteligência e dinâmica entre os atores na sequência final no apartamento de Milton. Quer mais? A trilha sonora de James Newton Howard foi tão inspirada em poucas ocasiões, assim como a direção de arte e a fotografia aqui são extremamente sofisticadas, amplificando as mudanças pelas quais o casal vivido por Keanu Reeves e Charlize Theron passam, saindo da cidade do interior para a babilônica Nova York. Repare como a arquitetura e a decoração dos ambientes são requintadas e a fotografia meio fria, em tons azulados e acinzentados, criam clima. E é ótimo ver momentos em que o vermelho que acompanha John Milton contrasta com tudo isso. O longa é uma adaptação do livro de Andrew Neiderman, cujo desfecho é irônico o suficiente para deixar uma música boa por si só, como “Paint It Black”, dos Rolling Stones, ainda melhor. Como não poderia deixar de ser: Nota 10.

HodejegerneHeadhunters*  (Hodejegerne, 2011). De Morten Tyldum

Thriller na melhor acepção da palavra, Headhunters começa com um tom piadista, que pende para a ironia, mas que vai mudar completamente no decorrer de seus 100 minutos. Em alguns momentos me lembrou muito O Fugitivo em sua ebulição de acontecimentos e no crescendo das tragédias na vida do protagonista, Roger Brown. Ótimo personagem, ele ganha a vida na base do roubo de obras de arte para manter seu padrão de vida, só que algo vai sair de seu controle e ele dependerá apenas de sua inteligência para sair vivo de uma perseguição inesperada. A produção norueguesa tem bons atores e boa direção, mas está no roteiro seu maior trunfo. Não tire os olhos da tela, todos os detalhes contam. Lars Gudmestad e Ulf Ryberg adaptam o livrode Jo Nesbø e vão até os últimos minutos usando cada elemento destacado com planos-detalhe ou diálogos que parecem perdidos nas cenas para revelar uma chave para um desfecho quase apoteótico. E quando (nós) críticos chatos falam que um filme de ação necessita de humanização dos personagens, Headhunters mostra como a relação entre Brown e sua esposa é importante desde o início do longa, seja para justificar parte do complexo de inferioridade do homem, seja para o manter vivo quando da caçada. Como já me disse um amigo, um filme seguro, que sabe até onde vão suas pretensões – e ele alcança a todas elas. Nota: 8

law_abiding_citizen_posterCódigo de Conduta* (Law Abiding Citizen, 2009). De F. Gary Gray

Começar bem não é difícil… Quer dizer, é sim, mas ainda mais complicado é dar um desfecho adequado ao seu ponto de partida. Código de Conduta começa com uma família sendo dilacerada por uma dupla de invasores que tortura um homem (Gerard Butler) mata sua filha e sua mulher. A Justiça, então, figurada na pela de Jamie Foxx faz um acordo para que o principal suspeito delate seu comparsa e tenha a prisão relaxada. A vingança de Butler será maligna, só que intrincada demais para ser arquitetada pelo mesmo homem que se revela um super agente, o qual dispõe de tecnologia demais e conhecimento técnico variado para ter tomado uma surra na abertura do filme. Fora que, com o passar da trama, a vingança inicial não se revela com um propósito claro e os recursos dos quais a suposta vítima do Sistema lança mão chegam a cair no absurdo (Pulso Eletromagnético? Sério?). Fora que lá pela metade do filme, parece que o personagem perdeu de vez a razão e se esqueceu de seu objetivo, mas o roteiro se empolga demais, querendo ser um filme de ação e esquecendo do aspecto dramático e a discussão que poderia render. Quer um filme com ponto de partida parecido e realmente bom? Procure por Seven Days. Nota: 5,5

blair_witch_projectA Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999). De Daniel Myrick e Eduardo Sánchez

Daquelas coisas que acontecem a cada 100 anos, A Bruxa de Blair aproveitou a popularização da internet no fim do século passado para criar a mitologia da tal feiticeira por meio de um site e vender seus acontecimentos como reais. Conseguiu um resultado ainda melhor que a maior referência nos falsos documentários de terror, Holocausto Canibal (1980).  Blair não é nada gráfico e faz sua mente trabalhar a mil por hora com sons e objetos deixados aqui e ali. O medo vem da sua cabeça e das interpretações do trio de protagonistas, que foram assutados pra valer por Myrick e Sánchez. Eles simulavam todas as situações e as brigas dos “atores” passam uma verdade que nenhuma atuação conseguiria imprimir. Você vai ficando desgastado até a incrível e abrupta cena final, que é cadenciada pelos gritos de Heather Donahue e pela montagem. Preste atenção no efeito desnorteante que é apresentar a imagem de uma câmera 16 mm com filme P&B com o som sendo captado por uma VHS usada para making of, estando ambas em andares diferentes no ambiente estranhíssimo onde o desfecho se passa. Aliás, ajuda muito a aumentar a tensão depois de passarmos o filme numa floresta que parece interminável, mostrada de maneira crua, sem firulas. Deu certo não só artisticamente. Orçado em US$ 60 mil, faturou quase US$ 250 milhões pelo mundo. Nota: 9

X-Men - Primeira ClasseX-Men – Primeira Classe (X-Men – First Class, 2011). De Matthew Vaughn

O melhor aqui é termos um aprofundamento em personagens tão bons como Professor Xavier e Magneto. Com a nova história, é óbvio que a trama envolvendo a crise dos mísseis em Cuba, no auge da Guerra Fria, é apenas desculpa para mais uma aventura do grupo (na verdade, a primeira delas), e ainda melhor: conhecemos de onde vem a amizade entre aqueles dois homens, que futuramente se tonarão antagonistas. E vamos além: Magneto vive o ímpeto de vingança como estamos acostumados, só que com um charme poucas vezes visto. Culpa do ótimo Michael Fassbender. Eu disse charme? Que tal, então, perceber como Xavier era galanteador no idos da década de 60? Pena que o mesmo roteiro que cria uma sequência fantástica de invasão à recém-criada escola para adolescentes mutantes –  iniciada com barulhos abafados de corpos caindo do céu –, não chega a pôr em cena novos bons mutantes. Afinal, ver um rapaz que voa pela vocalização ou uma jovem que simplesmente tem asas de libélula não é nada empolgante. O tom dramático do final, porém, eleva a produção a outro patamar com mais uma explicação do passado de Xavier. A única coisa que continua a mesma é o péssimo humor de Wolverine. Sim, ele está lá. Nota: 8,5

*Filme assistido pela primeira vez


Resumo (5 a 11 nov)

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O Grande Truque (The Prestige, 2006). De Christopher Nolan

O grande truque de O Grande Truque (desculpem o trocadalho do carilho) é o roteiro intrincado, mas inteligível do também diretor Christopher Nolan e de seu irmão, Jonathan, baseado do livro de Christopher Priest. A trama segue a história de obsessão pelo número de mágica perfeito e a autodestruição dos mágicos vividos por Christian Bale e Hugh Jackman. Voltamos e saltamos à frente no tempo para saber o que aconteceu com aquela relação, o que vai explicar a prisão de um deles e o ódio do outro. Descobrimos, então, o amor pela profissão do mágico de Bale e o talento para os palcos de Jackman e somos surpreendidos a cada minuto por algo novo que envolve esses homens até um final apoteótico e que desafia a mais hábil das mentes cinéfilas a decifrar o maior dos segredos do roteiro. Até chegar lá, a dupla principal ainda dá uma aula de atuação dentro de um elenco quase irretocável, que ainda inclui o cantor David Bowie. Vale salientar que a montagem de Lee Smith tem papel fundamental na dinâmica de O Grande Truque, conseguindo não só esconder o que precisa ser escondido com cortes rápidos, como executa com maestria o que se tornou marca registrada dele junto a Nolan: revelações importantes mostradas em paralelo, as quais elevam a tensão e são de uma elegância ímpar. Fora que são poucos os filmes que têm os colhões de jogar na sua cara que só te enganou porque você quis que isso acontecesse. Como diria Michael Caine antes do fade para o preto no final do longa: “… Você está procurando o segredo. Mas você não vai encontrá-lo, porque, claro, você não está realmente olhando. Você realmente não quer trabalhar com isso. Você quer ser enganado”. Nota: 9

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O Último Exorcismo* (The Last Exorcism, 2010). De Daniel Stamm 

O que irrita nesse terror é a escolha inexplicável de ser um falso documentário. Primeiro porque ele não respeita “as regras” de tal formato, criando inúmeros momentos com cortes que indicam a presença de duas ou três câmeras onde só há uma – o que mostra a fragilidade da direção de Daniel Stamm, que não tem talento para criar tomadas longas ou simplesmente não está ligando para isso. Fora que o filme poderia usar de recursos de direção com a câmera no ombro para os momentos mais tensos sem ter que se amarrar a qualquer formato que não irá seguir e ainda sim conseguir bons resultados, como faz Paul Greengrass (O Ultimato Bourne), o rei da câmera nervosa. O longa até trabalha de maneira interessante a história de um pastor que perdeu sua fé e segue meio que no automático para tentar expor os problemas de sua religião e, claro, dos exorcismos. Para isso, faz o tal documentário, que o segue em mais um trabalho, o qual, claro, não vai sair como esperado. Se o roteiro não reinventa a roda, o falso final no celeiro seria um belo exemplo de anticlímax que dá certo. Porém, os roteiristas Huck Botko e Andrew Gurland não se satisfazem com a inteligente sacada que tiveram a respeito do mal que aflige a exorcizada. Dessa forma, inventam um desfecho absurdo e que vai contra tudo o que tentaram construir a respeito de ceticismo versus religião. Quiseram aproximar o final a produções como A Bruxa de Blair, que se trata de uma montagem feita a partir de “filmagens achadas” – mas um filme que tem o mínimo de inteligência de não incluir trilha sonora em algo que não foi feito como um longa-metragem comum. Nota: 5

*Filme assistido pela primeira vez


Crítica: X-Men – Primeira Classe

xmenfirstclass_posterA volta de Bryan Singer ao universo dos mutantes criados por Stan Lee, coincide com o retorno à questão fundamental dos personagens: aceitação. Mais, X-Men – Primeira Classe (X-Men – First Class, EUA, 2011) conta a história dos dois eixos primordiais da saga: a formação da dualidade vingança/diplomacia ancorada por Magneto e Professor Xavier. Além, claro, de mostrar de onde nasceu o respeito mútuo, ainda que seus atos os encaminhem para o confronto direto futuramente.

Não é nenhuma coincidência, portanto, que a cena de abertura desse prequel seja a mesma do X-Men – O Filme, de 2000, na qual o jovem Erik Lehnsherr é separado dos pais num campo de concentração e sua ira abala a estrutura metálica do portão da prisão. A relação do garoto com o diretor do campo, vivido com gosto por Kavin Bacon, que se desenvolve na exploração dos poderes do futuro Magneto e posterior revanche, é um dos pilares do filme. O complemento fica por conta dos estudos e o encontro fraterno entre Xavier e Raven.

Há 11 anos, Singer dirigiu a aventura, dessa vez, produz, deixando o ótimo Matthew Vaughn comandando o longa. Muito bem, diga-se de passagem. Um cara que se preocupa em ser dinâmico sem perder a elegância, vide a cena do bar na Argentina. A câmera é precisa, mostra bem o ambiente e de maneira objetiva os ângulos dão o máximo de informações sem diálogos expositivos, seja na foto pendurada na parede que denuncia os inimigos, seja nos olhares desses mesmos homens.

Talvez por isso, os diálogos do roteiro de Ashley Miller, Zack Stentz, Jane Goldman e Matthew Vaughn sejam tão marcantes. Na mesma cena do bar, Magneto, com uma ironia que não cabe dentro da própria satisfação em se vingar, diz aos homens quem matou seu pai. Ou faça de um simples diálogo entre o mesmo personagem e Xavier, pouco antes de uma antena ser movida, a parte mais emocionante do longa.

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Pena que o mesmo roteiro que cria uma sequência fantástica de invasão à recém-criada escola para adolescentes mutantes –  iniciada com barulhos adafados de corpos caindo do céu –, não chega a pôr em cena novos bons mutantes. Afinal, ver um rapaz que voa pela vocalização sonora ou uma jovem que simplesmente tem asas de libélula não é nada empolgante. As exceções são Sebastian Shaw e Azazel, cujo poder nem é tão novo assim.

E se a direção de arte e a ambientação da fotografia ao estilo sessentista são dois dos grandes acertos do filme, os efeitos visuais são irregulares. Assim como a maquiagem, que faz Fera parecer mais um ursinho de pelúcia que o ser ameaçador que se contrapõe à diplomacia em X-Men – O Confronto Final.

O terceiro longa dos heróis mutantes, inclusive, já não tinha a mesma carga dramática que este Primeira Classe, o qual impõe sua força nas inúmeras discussões a respeito da natureza dos Homo sapiens superior em relação ao ódio que os “seres normais” nutrem por eles. Um debate que foi quase totalmente esquecido em Wolverine, só que aqui volta reforçada com ótimas interpretações de James McAvoy (Xavier) e Michael Fassbender (Magneto). E é bom que os personagens ganham mais camadas, seja na faceta mulherenga do Professor X ou na humanidade bem mais acentuada de  Eric.

Nota: 8,5

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Vou Ver Inês

Ines Via @JuSelise e @DougOblivion